segunda-feira, 28 de julho de 2025

Soneto do Ápice

Soneto do Ápice 

Subi, não pelos pés, mas pelo assombro,
deixando o mar, a curva e sua espira.
O mundo ia sumindo, tom por tom,
e o peito, prestissimo, já se batia.

Eu ia empolgado — e era sincero —,
mas nada preparava o que se avista.
Nos jardins da Cimbrone, o instante é zero,
e tudo em volta torna-se conquista.

No mirante, parado, sem defesa,
chorei como quem nasce ou se despede.
Não sei se foi milagre ou sutileza,

mas tudo ali me fez cair a rede.
Nos jardins suspensos da leveza,
renasci? Talvez. Ou fui à minha sede.