segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Contra o vento

“Bom dia”. Significa que trata-se de um dia bom? Ou que desejamos que assim seja?
Acordei cansado, com ânimo para assistir Tom & Jerry o dia inteiro.
O encontro marcado com 26 adolescentes (depois outros 25...) e a presença (existência) da família, me deram coragem para mais um dia.
Ao mesmo tempo, sem astral para correria. Lembrei-me da França (não o país, a [B] atriz), e fiz o ritual matinal com atenção, desde o cagão antes do banho, até o cigarro/café depois de um bom desjejum. Talvez hajam outros muitos, talvez não (toc toc toc, isola!)...
Com essa calmaria quase irresponsável, meus planos de deixar a magrela acorrentada na garagem, descansar os tímidos*  e ler o Charlie no metrô ficaram para quarta-feira que vem. Pedalar era a única opção para talvez conseguir chegar na hora. Para simplesmente talvez chegar, é mais complicado: são inúmeras as opções.
Normalmente, mesmo sem o descanso e a leitura do jornal - que é semanal -, costumam ser 12 quilômetros de pedal agradáveis, pela beira do canal... mas hoje, particularmente, o vento se mostrava agitado, agressivo, endiabrado, soprando com força na direção nordeste. Para talvez chegar sem atraso ao palco (matinê com Féssaut), tenho que pedalar na direção sudoeste! E como talvez já vale à pena...
Estava, confesso, difícil sair do lugar. A força do vento intimidava os tímidos, que, apesar de tímidos, já se mostraram eficientes. Sozinho na ciclovia, cheguei a achar, por um lapso, que ele - o vento - estava zangado comigo, que seu objetivo era me impedir de avançar. Quanta pretensão! Lembrava da França (não o país, a [B] atriz), e continuava pedalando, para, talvez, chegar, talvez, menos atrasado.
O vento, que não conseguia impedir-me de avançar, resolveu tentar me derrubar. Rajadas violentas desviavam-me por segundos do meu caminho, já longe de onde eu havia partido. As lágrimas confundiam-se com o suor e escorriam até os cantos (com espuminha branca) da boca, fazendo-me sentir, literalmente, o gostinho do esforço, da dor.
Cheguei 5 minutos atrasado. É melhor eu me apressar: ainda tem o caminho da volta! O vento acalmou, mas parece que vai chover. Talvez não...
07 de outubro de 2015.

*músculos

terça-feira, 19 de maio de 2015

"Carta Aberta"

Bondy, 18 de maio de 2015

“Senhor, sois justo e misericordioso. Afastai de nós, tudo que esteja nos prejudicando e retardando”.

Trecho de uma oração que minha falecida mãe costumava fazer para mim e meus irmãos na hora de dormir, depois de entoar belas canções. Não durou muito tempo, pois ainda pequeno, por volta dos 10 anos, deixei de acreditar em muitas coisas para dar espaço às minhas descobertas e desenvolver minhas próprias crenças. Já não havia lugar para as orações.

Gostaria de poder te falar tudo isso pessoalmente e dar-te um forte abraço, mas você mora muito longe, não tenho condições, e o Dr. Spock até hoje não me emprestou o teletransportador dele... vai ter que ser por carta, e como pelos correios demora muito, vai por aqui mesmo.

Durante muito tempo cultivei mágoas e até um certo rancor, mas nunca pelo fato de você ter “tomado rumo”. Lembro-me muito bem de tentar consolar minha mãe – ela bem mais velha do que eu, já tinha seus 29! – que sofria, não sozinha, pois éramos três, os filhos. Eu dizia que iríamos conseguir, que era melhor assim. E, afinal, como você me disse naquele dia, “a partir dali eu era o homem da casa”. Mas não. Eu era apenas um menino. Sim, muito esperto, mas extremamente sensível. Acabei fracassando nessa missão. Não basta astucia para assumir um papel de pai. É preciso bagagem – y otras cositas más –, que consegui acumular graças à sua ausência.

Não posso deixar de lembrar que houveram momentos bons enquanto você esteve presente. E muitos! Soltávamos papagaio, comíamos pipoca assistindo Os Trapalhões, escutávamos Os Mutantes, Santana e Led Zeppelin... e você contava umas historias malucas! Acontece que a coisa começou a desandar. O melhor a se fazer, naquelas circunstâncias, era mesmo partir. Não vejo sua ausência como um abandono. Por mais que você talvez não tenha consciência disso, acredito – ou prefiro acreditar? – que, considerando a dificuldade de estabilidade sócio-emocional que visivelmente atormentava sua existência, o que poderia pôr em risco a nossa, você optou pelo correto, que é educar e proteger seus filhos.

Hoje – e já faz um tempo – a mágoa e o rancor deram lugar à compreensão e à gratidão.

A estratégia da ausência deu certo, aliada ao espirito de leoa da minha mãe, à cultura do avô barbudo, ao suporte dos tios... e aos livros. Você pode ficar orgulhoso do seu primogênito! Depois de muita bagagem nas costas, consegui tornar-me um sujeito ordinário. É verdade que não tenho bens materiais... por enquanto nada! Mas tenho o maior tesouro do mundo, que são minha esposa e meus três filhos. Minha família. E, se esse é meu sonho mais genuíno, meu principal objetivo, é também em parte graças à sua ausência.

Você cometeu seus erros sim, mas ao meu ver você fez o melhor que pôde, da melhor forma possível.

Agora acho que é hora de dar exemplo e não deixar os três filhos e sete netos na mão. Você foi corajoso ao enfrentar todos os que não entenderam a nobreza do seu afastamento. Não seja covarde. Não merecemos mais essa na nossa bagagem que já está transbordando. Ainda quero muito te encontrar e dar aquele abraço apertado. Quem sabe no fim do ano? 

terça-feira, 5 de maio de 2015

Pa(e)nsements

Tem momentos que temos que exprimir os pensamentos.
Mas acabamos obrigados a espremê-los quase sempre.

sexta-feira, 10 de abril de 2015

segunda-feira, 23 de março de 2015

Inferno (maior) astral

38 anos. Logicamente, mais próximo do fim do que do começo.

Logicamente, com essa idade, o sujeito ordinário acumula imóveis – com ou sem móveis –, automóveis, filho(s), esposa – e/ou ex-esposa(s) –, dividas, alguns doenças... Uns tem quilos a mais, outros cabelos a menos... Tem também aqueles que acumulam tudo isso e ainda são grisalhos nos pêlos que restam!

Eu não consegui tudo isso. Na verdade, por enquanto, só a parte dos “filhos e esposa – e/ou ex-esposa –” e das dividas e doenças!
Este é meu patrimônio aos 38 anos de idade. É verdade que recentemente resolvi descolar uns diplomas, o que é, em tese, um bom caminho para obter o resto da “lista” 
supra citada!

Não posso deixar de mencionar o terço de um imóvel que herdei da minha recém-falecida mãe, – como passa rápido o tempo quando beiramos a quarenteira! – que pertence, obvia e automaticamente, aos meus três filhos.

Além desse meu patrimônio invejável – sem ironia, minha família é a realização do mais genuíno dos meus sonhos –, tenho a impressão de ter herdado dos meus pais algumas das patologias que, imagino, eles herdaram dos meus avós, ou desenvolveram ao longo de suas respectivas vidas.

Atualmente tem me chamado a atenção os personagens que formam a personalidade, que, no caso, encaixo nas “patologias”.

Vou tentar apresentá-los - os principais personagens - de forma sucinta, do “caçula” ao “primogênito”...

O caçula, que responde pelo nome de Féssaut, chega aos poucos, três vezes por semana, entre o despertar e a sirene que sinaliza o começo da primeira aula. Ele parte, também aos poucos, entre a sirene que sinaliza o final da ultima aula e o primeiro dois ao chegar em casa. Ao fim de cada trimestre ele vem com mais freqüência. Criativo, meio desorganizado, mas empolgado, ele ainda tem esperanças de conseguir acrescentar algo aos seus trezentos alunos. É um sonhador, que se entrega, não foge à luta – quase nunca – e ao mesmo tempo anseia durante toda sua “estadia” pelo momento da partida. Com tanta dedicação e tão pouco retorno, ele corre sérios riscos de adquirir problemas de saúde física e psíquica ao longo dos anos letivos, que podem vir a ser “anos letais”. Vou incentivá-lo a especializar-se um pouco mais para aproveitar sua criatividade e dedicação com alunos mais maduros, e onde ele provavelmente possa obter retorno mais satisfatório. Quem sabe até uma aposentadoria?!?

O outro, pouco mais velho do que o Féssaut, assina como Geraldo Cavallini. Figura, peça rara, assim como o caçula ele não foi criado de um dia para o outro.

Foi forjado aos poucos, e resolveu se assumir enquanto um legitimo personagem há uns três anos. Corajoso, curioso e inspirado, ele é mudo, mas não é surdo. Ele escuta, pensa e escreve. Não necessariamente nessa ordem! Aliás, acontece de ele escrever sem pensar... Mas não há de ser nada grave, pois as palavras, se não forem escutadas ou lidas, ainda que escritas, podem ser apagadas e é como se elas nunca tivessem existido. Ele vem regularmente, o Geraldo, mas raramente tenho condições de recebê-lo. Como ele não fala, acaba ficando com palavras engasgadas nas pontas dos dedos, ou da pluma. Não tenho como prever seu futuro, mas, como tem pouca oportunidade de “ser”, receio que ele suma aos poucos, até sumir de vez. Por outro lado, ele parece sábio e compreensivo. Pode ser que ele persista e talvez no futuro ele ganhe mais espaço no elenco. Para tal, além da sua persistência, ele precisa contar com o sucesso e a aposentadoria do caçula!

Vamos ao mais extravagante e, talvez por essa razão, o mais célebre de todos. Ele surgiu mais rápido do que os outros, já fazem... uns 28 anos! Veio, a principio, compensar as lacunas (?) do mais velho, mas é freqüentemente meio desajeitado e exagerado. Responde por Cosca, Coscarelli, ou “derivados”, como Cosquinha, Cosquito, e tcétera. Divertido, animado, sedutor e audaz, tem o poder de fazer gargalhar e de declanchar o pranto dos seus interlocutores. Assim como os outros, ele, o Cosca, gosta de tomar umas, mas às vezes, como é meio exagerado, acaba passando dos limites... Alias, de todos os quatro principais, é o que dá mais trabalho. Mesmo quando não exagera na birita, pode exagerar na comida, ou na velocidade... e costuma cumprimentar cavalos pela manha. Personagem complexo, quando abusa dos paraísos artificiais, dizem que encarna outros personagens, que podem ser ainda mais divertidos ou desagradáveis do que ele! Depende da vibe... Não posso negar sua importância, principalmente em outras épocas, mas ele vem perdendo espaço no elenco. Espero que ele não desapareça, mas que tenha um papel mais discreto.

Finalmente, o primogênito. Filho, pai, amigo e companheiro, ele é sensível, carinhoso, melancólico, ansioso, angustiado, tímido e reservado. É um tanto quanto perdidão, pensa muitas músicas, mas escreve muito poucas. Desde o surgimento do Cosca, é verdade que ele ficou muito apagado. Poucos o conhecem, e poucos dos que o conheceram podem relatar algo sobre ele, pois boa parte destes se transformaram em lembranças. Lembranças inesquecíveis, lembranças memoráveis. Esse personagem chama-se Gustavo, que aceitou o carinhoso apelido de Gut. 

Acho que no final, só deve sobrar ele, carregado das experiências, memórias e cicatrizes dos outros, além das suas próprias, de filho, pai, amigo e companheiro. 

De preferência, menos ansioso, agustiado e melancólico!

Isso, se tudo der certo. 

Ah, os quatro são Cruzeirenses fanáticos, influenciados pelo Cosca, claro!

Namastê

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

E agora, Zé

Saber fazer muitas coisas é uma coisa.
Poder fazer bem feito é outra!
Não sei mais o que fazer...

domingo, 25 de janeiro de 2015

Urgente!

Urgente!
Velho jovem infantil precisa de transplante de cérebro e corpo.
Interessados, favor enviar currículo com foto.