quarta-feira, 2 de julho de 2025

Erithacus rubecula

Erithacus rubecula

Azul
como o susto nos olhos de Kongens Have às três da tarde,
quando o esquilo salta do galho para a sua lembrança.
Blotter paper — universo dobrado ao meio,
um origami de memória escandinava,
onde o verdinho não é mato,
mas suspiro de Romkugler derretido na boca.

250 μg de saudade,
via oral,
com um copo d’água lunar.
Modal: flutuação intermitente entre o delírio e a ciclovia.
27 graus na sombra do infinito, celsius.

Rosemborg não é castelo,
é órgão interno —
a resina de flor que recobre o pulmão esquerdo dos seus sonhos.

E.S.P.
três letras flutuando no ar morno da grama,
como se alguém as tivesse deixado cair de propósito,
num tempo difícil de bater.

Amarelo,
a cor que resta quando a infância evapora
na bicicletinha embaixo da língua no começo da tarde.

Azul.
Não se esqueça do azul.
Ele é a primeira palavra da sua última frase.