quinta-feira, 24 de julho de 2025

A Balbúrdia do Cabrobró

A Balbúrdia do Cabrobró

Num convescote à beira do rebuliço,
chegou a patota — um séquito esquisito —
trazendo bufunfa, discurso postiço,
e um trambolho escondido num apito.

Falavam bulhufas com ar de acadêmico,
sopravam lorotas num tom hermenêutico,
um chá de lírio num brinde apoteótico,
rindo de si com desdém anestésico.

O quiprocó surgiu por uma migalha:
— Quem levou a ambrósia? — Foi você!
Ou talvez foi a sombra duma canalha
dançando no muquifo um cabrobró-pé.

Veio a bordoada — e num faniquito,
a musa tombou, sem mais cerebelo.
Restou só seu ânima, trêmulo e aflito,
catando seu canto sob o chinelo.

O sujeito, supimpa, mas meio lorpa,
cuspiu seu desgosto: — “Isso é quimera!”
Chamou de canalha quem chamava de corpa,
com voz tão rígida que secou a primavera.

Larica bateu: sardinha com goiabada.
A conversa azedou, virou tropel.
— “Democracia?” — “Besteira engarrafada!”
E o verso fugiu por debaixo do véu.

Agora o silêncio, paz pós-turbilhão,
nasce em mim como febre ou como nó.
Mas vibra — nervoso — em tom de negação:
tudo acaba num riso de cabrobró.