sexta-feira, 25 de julho de 2025

De bom alvitre

De bom alvitre

No escaninho escuro da memória,
repousam fainas de um tempo esquisito,
alvíssaras de um mundo mais bonito,
que a vida — risonha — risca da história.

Um pão, diziam, era o molecote,
que em sonho ousado, quixotesco ardor,
flertava a moça — sua bela-flor —
riscando o chão batido do seu lote.

Estar nas tintas era o seu ofício,
pintava o tédio com requinte e brilho,
sem dar um cavaco ao próprio juízo,
— estar nas pampas já era seu trilho.

E o mundo, pasmo, ouvia seu alvitre:
“Desprezem tudo, até mesmo o sublime.
Quem sonha alto não passa de um alpiste,
num céu que engole os quixotes do crime.”