Alexandrim
De onde o horizonte é belo e as minas gerais,
Meu peito acende mundos na pele da fala;
A língua de nascença é o peito que exala
Seu próprio barro, ouro, espinhos, e metais.
Mas a outra, o francês, nas margens do Sena,
É um espelho torto onde a voz se embala;
Com tons de ironia, a alma se revela
Na dança de Paris, luzindo na cena.
Assim vou pelo mundo, de dois mundos cheio,
Com a palavra acesa, a lâmina no peito,
Colhendo o próprio nome pelo caminho;
Meu coração, de tanto, ficou alheio,
É ele próprio a terra, o livro, o leito —
Meu canto vai florindo, espinho a espinho.