domingo, 8 de junho de 2025

Valhalla

Valhalla

Stroopwafels ardem na língua do tempo,
grudam no céu da boca da eternidade —
cogu dança nos olhos de Van Gogh,
as orelhas dele sussurram Monique,
deitada nua sobre o lençol azul
que cobre o leito dos trilhos de Amstedã

A bicicletinha, sem freios nem freios,
corre sozinha pelas veias do mapa,
todos os canais levam aos seios fartos
que zombam da gravidade como anjos caídos
com mamilos que apontam pro além

Ghost Train Haze sopra seu feitiço,
traz risos que brilham em câmera lenta,
ergue torres de nuvem na mente febril
e faz da alma uma locomotiva
correndo sem trilhos, sem tempo, sem ré

Erva da boa gira nas hélices do pensamento,
confunde os ponteiros, dobra as horas,
cria pássaros feitos de fumaça e desejo
que cantam em holandês dentro do peito

Monique morde um stroopwafel com os olhos
enquanto Van Gogh pinta sua vulva em aquarela,
sem moldura, sem juízo,
só a verdade nua da carne surreal
onde o delírio acende seu cachimbo
e ri

Cai uma chuva boa prazenteira,
ácida, líquida, pulsante,
como se o céu também tivesse comido cogumelo —
pingos dançam, se multiplicam,
viram olhos que piscam nas calçadas,
línguas que lambem as vitrines do delírio

De dentro da bicicleta nasce um girassol.
E Monique, holanDeusa suprema,
sorri —
milagre loiro na esquina da loucura