quarta-feira, 11 de junho de 2025

Disque dur

Disque dur

Deusa morena,
do sorriso que esconde safadeza e sabedoria,
do olhar que me despenca —
olhar de quem sabe e provoca,
olhar de quem ri e domina.

Seu corpo:
extremamente apetitoso.
Não há metáfora mais justa.
É sonho, é banquete,
é desejo empilhado há quase vinte anos.

Quero sua boca,
essa que diz verdades com graça,
e que eu sonho em beijar
com a sede de quem atravessou desertos.

Uma mão se perde entre seus peitinhos de menina,
e a outra, generosa e firme,
acaricia sua bunda de rainha
de escola de samba.
Ah, esse desfile que mora em você!

Te despir com calma,
me despir também —
tudo em sincronia:
tatear, lamber, mapear seu corpo
como quem lê um texto sagrado
com a língua.

Dedilhar seu mamilo esquerdo,
durinho, arrepiado,
enquanto minha boca saboreia seu néctar,
e minha mão direita —
indicador e médio, apóstolos do prazer —
invocam seu ponto Genial.

Te ver cavalgar,
te ver subir e reinar,
até você jorrar uma véu da noiva
em espasmos sagrados
sobre nosso Ganges —
nosso leito sagrado.

E então te pôr de ladinho,
vaivém crescente,
alternância de abismos e voltas,
até o tempo entrar no be-bop:
frase curta, batida frenética,
socando tudo com ritmo e ternura.

Te ver encharcar o lençol outra vez.

E ainda te virar:
te pôr de quatro,
te analisar com a língua —
cientista e amante.
Dilatando devagarinho,
um dedo, depois dois,
talvez três…
até, com amor, sodomizar-te.

E no final, juntos:
gozamos.
E nos deitamos abraçados,
olhando o teto como quem contempla o céu de uma infância.
Tudo salvo no nosso disque dur,
esse que só se abre por reconhecimento facial,
onde mora o segredo do que é proibido —
e eterno.