Planeta caeruleus, panis communis
Menos hierarquia,
um pouco mais de anarquia (responsável),
nem tanta tirania,
nem caos irreversável.
Nem tanto ao céu,
nem tanto ao chão,
mas onde se colha
o que se põe à mão.
Neste planeta azul,
nossa casa milenar,
tanta ordem fez-se mula
sem vontade de pensar.
Chamaram de paz o medo,
de lei, a imposição,
de futuro, um degredo,
de justiça, a opressão.
Mas surgiram vozes firmes
no rastro da ilusão:
Kropotkin com seu pão livre,
Malatesta em rebelião.
Carlo Cafiero dizia:
“Comum deve ser o pão!”
E a fome não merecia
trono, farda ou patrão.
Na Comuna, um lampejo,
na Espanha, rebeldia,
na Ucrânia, o mesmo ensejo —
viver sem tirania.
O anarcocomunismo,
com sua chama tão sã,
não clama por abismo,
mas por mesa e manhã.
Nem senhores, nem muralhas,
nem partidos de exceção,
só redes onde se valha
a troca por afeição.
Cada qual com sua força,
cada um com seu lugar,
sem diploma de polícia
pra aprender a cuidar.
Pode soar utopia,
um delírio, uma paixão,
mas do caos e da agonia
brota a flor da solução.
Camaradas, não tem truque:
ou se parte essa prisão,
ou o planeta azul desaba
em silêncio e solidão.
Pode parecer sonhar demais,
mas há lógica na razão:
o anarcocomunismo
é, sim,
a solução.