sexta-feira, 20 de junho de 2025

Planeta caeruleus, panis communis

Planeta caeruleus, panis communis

Menos hierarquia,
um pouco mais de anarquia (responsável),
nem tanta tirania,
nem caos irreversável.

Nem tanto ao céu,
nem tanto ao chão,
mas onde se colha
o que se põe à mão.

Neste planeta azul,
nossa casa milenar,
tanta ordem fez-se mula
sem vontade de pensar.

Chamaram de paz o medo,
de lei, a imposição,
de futuro, um degredo,
de justiça, a opressão.

Mas surgiram vozes firmes
no rastro da ilusão:
Kropotkin com seu pão livre,
Malatesta em rebelião.

Carlo Cafiero dizia:
“Comum deve ser o pão!”
E a fome não merecia
trono, farda ou patrão.

Na Comuna, um lampejo,
na Espanha, rebeldia,
na Ucrânia, o mesmo ensejo —
viver sem tirania.

O anarcocomunismo,
com sua chama tão sã,
não clama por abismo,
mas por mesa e manhã.

Nem senhores, nem muralhas,
nem partidos de exceção,
só redes onde se valha
a troca por afeição.

Cada qual com sua força,
cada um com seu lugar,
sem diploma de polícia
pra aprender a cuidar.

Pode soar utopia,
um delírio, uma paixão,
mas do caos e da agonia
brota a flor da solução.

Camaradas, não tem truque:
ou se parte essa prisão,
ou o planeta azul desaba
em silêncio e solidão.

Pode parecer sonhar demais,
mas há lógica na razão:
o anarcocomunismo
é, sim,
a solução.