Humanitas aegrotat
O mundo tem hoje 134 fogueiras acesas,
e só 3 bombeiros — bêbados.
Há conflitos com nome e sobrenome,
e outros tão antigos
que a gente já nasce devendo explicação.
A Rússia morde a Ucrânia como quem diz
“Isso sempre foi meu!”
E o Ocidente assopra com tanques e sanções,
enquanto finge que ajuda.
No Oriente Médio, o inferno tem CEP.
Desde 1948,
Israel ocupa, expulsa, mata, segrega — e se diz vítima.
Gaza virou uma palavra proibida
nos jantares elegantes.
O Hamas atira,
Israel responde com uma avalanche.
E o mundo calcula os mortos
como se fossem boletos vencidos.
No Líbano, o Hezbollah brinca de “quem começa?”
e o Irã manda presentes com pólvora.
A Síria virou tabuleiro de War,
mas sem manual de regras.
No Iêmen, o povo morre de tudo:
de guerra, de fome,
de falta de notícia.
Na África, tem guerra civil onde nem Estado há,
no Sudão, no Sahel,
no Congo, na Etiópia —
lugares onde a esperança não tem passaporte.
Na Ásia, a China sopra no cangote de Taiwan,
a Índia encara o Paquistão de sobrancelha erguida,
e no Myanmar a democracia foi presa
sem direito a habeas corpus.
E o Haiti?
Virou sinônimo de desespero.
O México e a Colômbia,
roteiros de narcos patrocinados pela omissão.
Enquanto isso, o Estado Islâmico
é tipo cupim:
atua no mundo inteiro, mas ninguém vê de onde sai.
E as potências brincam de roleta russa,
com flertes nucleares e risadinhas geopolíticas.
Trump ressurge como ressaca,
e a ONU escreve notas de repúdio em papel reciclado.
Menos ganância, abaixo à religião!
Que deus(??) desça, se quiser,
mas sem exército.
Mais tolerância, amor,
sexo (com consentimento!),
mais arte,
mais poesia,
porque matar por uma ideia
é o cúmulo da burrice —
e morrer por ela,
é só falta de criatividade.