quarta-feira, 28 de maio de 2025

Pecoris Dominus

Pecoris Dominus

Era um capitão sem honra nem glória,
de chute no traseiro fez-se história.
Do exército, expulso por trambique,
virou deputado, mais morto que chique.

Trinta anos no baixo clero mofando,
sem projeto, sem fala, só berrando.
Comprou imóveis com grana no dente,
mas pro povo? Um sorriso indecente.

Presidente! Que prêmio irônico!
Fez do país um circo agônico:
armou a plebe, blindou milionário,
matou de riso — ou de vírus — o otário.

A cloroquina virou hóstia santa,
e a morte, estatística que não espanta.
Negou a ciência, o luto, o cuidado,
chamou de marica quem tinha chorado.

Rachadinha? É só um detalhe,
como um palavrão em oração de Natal.
Misógino, racista, homofóbico,
mas sempre com um tom patriótico.

“Deus, pátria e família!”, berra o gado,
sem saber que é slogan do passado
de botas, porretes e tortura,
mas vai lá, né? Fé não tem fissura.

Agora réu, que trama bonita:
golpe de Estado em noite bendita!
Se preso for, virá mártir sagrado,
com crucifixo e fuzil do lado.

E quem o segue? Triste fauna.
Ou burro, ou mau, ou alma insana.
Mas como o Mito é combo completo,
o gado olha e diz: “É o espelho certo!”

Assim, entre gritos e fake news,
vai-se o país, de joelhos e sem luz.
E o futuro? Vai rimar com “lixo”,
se não jogarmos esse verme no esquicho.