Josué, o Patriota
Imbrochável e fiel,
devoto de São Goodyear do anel,
seguiu os conselhos do mito genial
com cloroquina na mochila — essencial.
Montou no jetski da redenção,
rumo ao fim-do-mundo, com convicção,
pra encontrar Olavo e ouvir a verdade:
a fórmula pra salvar a liberdade.
Deu duas voltas inteiras na Terra,
cruzou oceano, deserto e serra,
e quando viu que não havia o fim,
suspeitou de um complô sem ter fim.
Parou o motor num gesto solene,
abriu a mochila com ar solitário e sereno,
tirou com fervor o objeto divino:
um pneu de scooter, modelo pequeno.
Ergueu a miniatura aos céus em ação,
pôs a mão no peito, cantou o hino com paixão,
e ao fim da última estrofe, rugiu com fervor:
“Malditos comunistas! Eis o terror!
Arredondaram a Terra, maldita trapaça!
Cadê o abismo, a borda, a desgraça?!”
E enquanto girava sem rumo e no cio,
jurava ter visto o mapa do Brasil no desvio,
e em cada onda gritava, sem qualquer razão:
“Cadê a borda?! Isso é fraude da eleição!”