quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Bondy, 08 février 2018

Ola!
Há muito não nos comunicamos por aqui. Esse tal de “tizap” dinamizou a comunicação, não é... Pensei em escrever a mão e mandar pelo correio, mas a rotina louca e desenfreada não me permitiu “trufar” de romantismo meu relato veraneio (para você, pois por aqui o inverno está inverno, mas nada feio). Nos últimos tempos, mais do que nunca, tive reações aleatórias com o “alquinho de cada dia”. Posso entornar e manter-me consciente e sociável, e posso beber pouco e não me lembrar do que aconteceu por alguns momentos, ou apagar, simplesmente, quiçá me transformar num ser desprezível. Comecei a beber (intensamente) aos 10 anos. Pouco antes, meu pai me chamou um dia para anunciar que partia, me disse com aquele ar de pai: “agora você é o homem da casa, vai ter que cuidar da sua mãe e dos seus irmãos”. No dia em que mudamos da casa de Contagem para um apartamento no Cidade Nova, mamei o garrafão de vinho de jabuticaba (que meu pai havia fabricado e, ao que me parece, não coube em sua mala) e experimentei meu primeiro “coma alcoólico”. Você pode imaginar o tormento. Desde então, ah... a historia é muito longa e pela falta de tempo, este não é o momento. Na ultima segunda-feira, 31 anos depois, experimentei meu ultimo “coma éthylique” - como dizem por aqui, na terra de Apollinaire. As circunstâncias prefiro não comentar agora, mas estive a um passo de perder minha família, de me perder, para sempre. Apesar de todos os remorsos, de todas as limitações e frustrações, chega desse mood “Backeriano” autodestrutivo, chega de Get Lost. Como me disse meu pai naquele dia, sou o homem da casa. Mas só tenho que cuidar de mim mesmo, da minha amada e dos meus filhos! A responsabilidade dele jamais poderia ter sido a minha. O fracasso dele não será o meu. Me aventurei no fundo do poço, onde encontrei a famosa portinha, que acabei abrindo algumas vezes... Explorador, descobri que existe uma outra portinha, ainda mais pro fundo. Mas essa não vou abrir. É hora de explorar novos ares, no sentido mais profundo. já passei por muitas... canetei o destino, chapelei a morte e estive na área em condições... Agora é aprimorar para poder marcar, sem precisar contar com a sorte.
Sincerely yours,
GC