domingo, 26 de fevereiro de 2012

Mais um Dia

Mais um dia duro
mais um dia no escuro.
Mais um dia sem nexo
mais um dia sem poesia.

Geraldo Cavallini
Guarapari, 26 de fevereiro de 2012

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Amigamante

Como ela é ciumenta
agradável e chiliquenta!
Quando eu era jovem, achava iludido
que ela do meu lado sempre estaria
fogosa, vinte e quatro horas por dia.

Aos poucos fui percebendo
que o tempo passava
e eu a ia perdendo.
Exigente, gosta de vinho
de erva e de pouca gente.

Agora tem ciúmes da oficial
mas no começo, não havia nenhum mal.
Eram noites gostosas
dias de vinhos e rosas.
Ela ficava rondando com a musa presente
e quando sozinho, chegava rápido, ardente.

Atualmente ela vem de vez em quando
quando cago, ou quando ando.
à noite espero ela passar
quando meus amores estão a sonhar.

Muitas vezes passa
mas basta escutar a patroa chamar
ou o caçula chorar
ela parte, e se tarda a voltar
espero até domingo
quando nos vemos no bar.

Juntos brincamos com sons
palavras, sensações.
Queremos espancar, sem frescuras
corações até de puras criaturas.

Entendo os ciúmes que ela tem da oficial:
é reciproco, e dizem que é normal.

Hoje ela passou rapidamente
de partida, diz que volta
mais tarde, de repente.
Volte logo minha querida!
Com você, mais que amiga
choro e dou risadas da vida.

Geraldo Cavallini
Guarapari, 19 de fevereiro de 2012

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Pôr-do-sol em Barra Grande II

Belo, o horizonte na Bahia
quente, a noite que surgia.
Uns em Minas, outros em Paris
todos sabem o que é ser feliz.

E este crepúsculo beira-mar
tão lindo quanto à musa do lar
encanta os olhos frios de um pai
azul de vontade de chegar.


Geraldo Cavallini
Guarapari, 24 de janeiro de 2012

Pôr-do-sol em Barra Grande I

Belo, o horizonte na Bahia
quente, a noite que surgia.
Uns em Minas, outros em Paris
todos sabem o que é ser feliz.

E este crepúsculo beira-mar
tão lindo quanto à moça do bar
encanta os olhos frios de um pai
azul de vontade de cagar.


Geraldo Cavallini
Guarapari, 24 de janeiro de 2012

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Devaneio pré-operatório

Hoje a criança que ri
amanhã tem o bisturi.
Cerveja com Picon
esperando o ultrassom.
Sonata escrita em mi
agora é a linda que sorri.
Concerto escrito em sol
meu pau em sustenido.
Tão formosa essa prima...
que gostosa essa rima!


Geraldo Cavallini
Guarapari, 29 de janeiro de 2012

Acidente no Baile

Um peido fugitivo
de um cu arregaçado
pode parecer engraçado
mas é puramente intuitivo.

No baile perdido
aconchego encontrado...
ô cu estragado
que peido fedido!


Geraldo Cavallini

Marataízes, 28 de janeiro de 2012 

Perguntas ao poeta

O amor acabou como a festa de José. E agora?
Metáforas, aliterações, assonâncias...
não bastam para ilustrar todas as ânsias.
E então José, o que foi feito da pedra?


Geraldo Cavallini
Guarapari, 28 de janeiro de 2012

As Sete Cabeças

Melhor uma mula sem cabeça
do que um bicho de sete.
Como deve ser confortável
não ter que pensar
não ter que sentir
não ter que amar
não ter que ser.
Se eu fosse do tipo dos que pensam em suicídio
pensaria em cortar-me as sete cabeças.


Geraldo Cavallini
Guarapari, 29 de janeiro de 2012

A Mão do Padeiro

A mão que massageia o grelo
gozada, ajeita o cabelo.
A mesma que enrola o cigarro
a direita, que limpa o barro.

A mão que toca uma bronha
gozada, se limpa na fronha.
A mesma que castiga o filho
amiga da farinha de milho.

A mão que coça a frieira
safada, na bunda da cozinheira!
A mesma que amassa o pão
suja, coçava o botão.


Geraldo Cavallini

Guarapari, 12 de fevereiro de 2012